sexta-feira, 28 de maio de 2010

Onda verde? Hoje não!


Ninguém precisa ler as coisas que eu escrevo. Mas eu preciso escrever as coisas que eu penso, senão elas crescem e me atormentam à noite.
Como sempre cito por aqui, eu faço análise há tempos. Não tenho um psicólogo, tenho sim um grande psiquiatra, que me ouve, me fala, me trata e, principalmente, prescreve remedinhos que seguram o monstro um pouco mais calmo dentro de mim.
Ah, o monstro. O monstro é o meu maior pedaço. Ele é o guardião supremo de todas as minhas neuroses. Ele sou eu todinha pelo lado de dentro: carne e sangue, alma e trauma.
E o post de hoje vem justamente falar de trauma. Porque até onde o meu leigo conhecimento sabe, de forma bastante reduzida e simplória, o trauma psicológico é um tipo de dano emocional que ocorre como resultado de algum acontecimento. E quando o trauma conduz a um certo nível de estresse, pode envolver mudanças físicas no cérebro que, consequentemente, podem afetar o comportamento e o pensamento da pessoa a partir dele. Um evento traumático pode envolver uma única experiência ou uma série delas, que afetarão a maneira de o indivíduo lidar com idéias ou emoções envolvidas com aquela experiência específica em razão dele.
Pois bem. O que se tenta encontrar na terapia é a raiz dos traumas. Só assim se pode enfrentar a questão que originou o problema e tentar minimizar seus danos. Mas este é um trabalho difícil, doloroso e, principalmente, demorado. Por essa razão eu resolvi vir aqui hoje. Acho que acabei de descobrir, em tempo, o surgimento de um novo trauma!
Não faz muito tempo vivi uma experiência curiosa. Havia conhecido uma pessoa que estava começando a se tornar importante, naquela fase onde a gente vê sinais em tudo e qualquer coisa serve como prenúncio de felicidade, e dei de pegar, indo ao seu encontro, um longo percurso Gávea - Copacabana com todos os sinais abertos, bem verdinhos, indicando para mim que aquela onda verde significava caminho livre para a felicidade. Pois o fato não passou despercebido e sinais verdes tornaram-se uma espécie de subtítulo para aquela experiência afetiva até então feliz.
Como já era esperado, embora seja difícil admitir, tudo não havia passado de uma grande confusão (da minha parte, obviamente) e aquela experiência, na verdade, era apenas um evento isolado. O percurso Gávea – Copacabana significava ir do nada a lugar algum, e aqueles sinais verdes eram pura ilusão. Durante alguns dias relutei a acreditar insistindo: mas estavam todos verdes, o que foi que aconteceu? E como a resposta nunca veio, recalquei os sentimentos, escondi bem as feridas e senti raiva, muita raiva daqueles mentirosos sinais abertos, brilhantes e absolutamente verdes.
Agora vem a parte curiosa: estou hoje saindo do trabalho como de costume, pronta para encarar o trânsito da Praça da Bandeira, o caos do Túnel Rebouças e os sinais fechados da Rua Jardim Botânico, quando nada disso acontece. O tráfego está livre, o túnel quase vazio, e os sinais todos abertos para mim. No momento em que me dei conta de estar novamente no meio de uma grande onda verde, fui tomada de assalto por uma crise de ansiedade que me obrigou a parar o carro no posto da PIO XI: o ar faltou, a perna tremeu, o estômago revirou, e eu entendi tudo: eis aqui mais um trauma, tinindo de tão novinho, pronto para ser encarado de frente, antes que fique sólido e se estabeleça no reino do monstro. A onda verde, que outrora trazia esperança, surgiu como a certeza de que alguma dose de sofrimento anunciava aproximação, e o corpo logo reagiu tentando se defender. Impressionante...
Mas nada disso tem lá muita gravidade, só achei que valeria a pena relatar, porque a cabeça da gente é mesmo uma máquina muito complexa. Alem do mais, hoje é sexta-feira, o dia da redenção e da alegria! O monstro já se recolheu e eu vou andar um pouco a pé pelo calçadão. Se são verdes ou vermelhos, neste momento eu não quero nem saber. O importante é nunca esquecer que, por toda a extensão da orla, não existem mais sinais, só céu e mar.
Bom final de semana a todos!

6 comentários:

  1. Ande sim pela bela orla que a sua cidade oferece. Ande sim, caminhe, respire, reflita... Nunca estamos sós, peça sempre, sempre a todo momento aos espíritos de luz que a banhem com mto amor, resignação, que lhe dêem todo o entendimento de que necessita. Fomos programados antes de reencarnarmos, ninguem disse que ia ser facil mas tenha Fé em Deus sempre, e caminhe com mta força e confiança, que as coisas mudarão e voltarão pro seu devido lugar!... Ótimo final de semana, bjos!!

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  2. Quando vc resolver escrever um livro, sua ghostwriter está aqui esperando por você =) Amei o blog! Atualize. Bjks!!

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  3. Escreve mais, Julia... Virei um fã, um admirador anônimo, um apaixonado por vc, pela sua beleza, pela sua pulsação. Como sei que não vou te conhecer pessoalmente, quero ao menos viver esta paixão te lendo...
    Um beijo, do seu

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  4. Dps de alguns eventos em minha vida, esse post agora faz todo o sentido. Espero que meu final seja tão feliz qnt o seu ;) Bjs

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